quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Boas novas da Velha Bahia


Dona Enedina, grande contadora de histórias
Estivemos na Bahis por quase um mês. E foram muitas, muitas histórias. Histórias engraçadas, exemplares, encantadas.


Histórias de vida, como a de seu Abílio, de Bom Jesus da Lapa, que sabe cor todo o texto da cavalhada local e rememora, saudoso, o tempo em que, metido na indumentária do rei mouro, montava o cavalo Ginete.


Histórias de rachar o bico, como as de seu Arnaldo Hãe Hãe Hãe, cacique pataxó do Caldeirão Verde, mestre nos ofícios da narrativa e da esculturaem madeira, fonte de uma história que batiza um de meus livros: O urubu-rei


Histórias como "Couro de Piolho, "Bu" e tantas mais, narradas por dona Enedina, do Alto da Palma, que tiveram como música de fundo o São Francisco, o rio de sua aldeia.


Histórias como as de seu Zé Cabeça, da Agrovila 07, 108 janeiros de muita sabedoria.


Histórias de Isaulite Fernandes Farias,Tia Lili, da Ponta da Serra, fonte de muitos contos que publiquei.


Histórias de dona Lira, cantadeira de romances e rezadeira notável, que me benzeu dos quebrantos e dos olhares maléficos. Dona Lira é cega de nascença, assim como sua irmã, dona Nenzinha. 

Herdaram a deficiência da mãe e são parceiras de escuridão de mais dois irmãos (um já falecido). São parceiras também na arte de encantar.

Personagens quase invisíveis nas comunidades em que vivem, porque, infelizmente, no sertão, já se cultivam hábitos e trejeitos cinzentos, que, sabemos, levam do nada a lugar nenhum.

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